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IRMÃS

 

Foram 31 horas apenas.

Este filme nunca foi o objectivo final do trabalho. Apenas o culminar de um processo, este sim, o mais importante. Para cada uma das intérpretes. Individualmente e na descoberta de um todo, de um colectivo, que diariamente, divide todas as suas batalhas, as suas derrotas, as suas vitórias.

Expostas ao universo das “Três Irmãs”, de Anton Tchekhov, cada aluna foi descobrindo, que desde a escrita da peça (1900), pouco se alterou. Passados 117 anos, os dilemas continuam a ser os mesmos, bem como os receios, as obrigações, e a dúvida constante da resistência e na crença de um futuro melhor.

Possuímos sempre a noção de que seria impossível montar a peça toda, devido à carga horária da disciplina. Preferimos desta forma centrar a acção numa única cena. As alunas foram agrupadas a pares e cada um, estudou a cena. Analisou-a dramaturgicamente, escolhendo assim, o lugar onde gostariam de gravar a cena. Os figurinos, a música. Cada detalhe. A escolha final recaiu entre representar (decorando o texto ou actualizando-o por palavras delas) ou utilizar máscaras e fantoches, tendo como suporte o texto gravado. Aproveitamos então para eliminar a fina teia que suporta a ficção e a realidade. Há um jogo pelo meio. Um jogo extremamente sensível e sincero, quiçá, pela honestidade que cada uma delas precisa de encontrar nas suas vidas. Um confessionário, tão forte como o vento, híbrido pela sua força, nos dias de tempestade, e pela sua suavidade, uma brisa, que nos arrefece nos dias de calor.

Este filme é também um documento delas. Para elas. Para todos nós. Um testemunho dos nossos tempos. Daquilo que todos precisamos, desejamos encontrar e acreditar. De uma esperança sem precedentes. De uma esperança que pode e deve durar uma vida toda.

IRMÃS, um filme de Wagner Borges. Com Alexandra Cardoso, Alexandra Santos, Ana Barreira, Andreia Silvestre, Bruna da Cruz, Bruna de Oliveira, Catarina Domingues, Cátia Anjos, Diana Dias, Inês Saloio, Inês da Costa, Inês Marques, Inês Eduardo, Liliana Nunes, Liliana Marques, Mara Bento, Márcia Lopes, Margarida Nogueira, Micaela Carapinha, Micaela Silva, Milene Pinela, Nídia TeixeiraRita Silva, Sara Nascimento, Sofia Lúzio, Tânia Mendonça e Tatiana do Chão. 2017 | ABRIL

Estreia a 29 de Abril de 2017, no Cinema Municipal Charlot, em Setúbal.

QUANDO EU ERA PEQUENINA SONHAVA COM PALHAÇOS

 

Quando eu era pequenina sonhava com palhaços.

Era sempre o mesmo sonho, com os mesmos palhaços a fazer sempre a mesma coisa.

E essas imagens perseguiam-me mesmo quando o sonho acabava, quando começava o dia, ao longo do dia. Num loop interminável, e agonizante.

Nunca percebi quem eram, nem o que faziam exactamente.

Sei apenas que eram dois palhaços numa espécie de cozinha e comiam carne e me ofereciam carne.

Carne crua. Sempre carne crua.

E, talvez, por isso, hoje, sou vegetariana.

 

Realização de São José Correia

Com Tiago Bôto e Wagner Borges

Produção Vera Mundi

2017

WHEN I WAS A LITTLE GIRL I DREAMED WITH CLOWNS

When I was a little girl I dreamed with clowns. 

It was always the same dream with the same clowns always doing the same thing.

Even when the dream ended, those images chased me when the day started and during the day. In an endless and agonizing loop.

I've never understood who they were nor what they did exactly. 

I just know they were two clowns in some kind of kitchen and they ate meat and offered me meat.

Raw meat. Always raw meat. 

And perhaps, that's why today I'm a vegetarian.

Directed by São José Correia

With Tiago Bôto and Wagner Borges

Production Vera Mundi

2017

XYXXYXYYXY - Uma breve leitura de Orlando, de Virginia Woolf

Inserido no «Pequenas Notáveis - mini festival sobre o feminino», "XYXXYXYYXY - Uma breve leitura de Orlando, de Virginia Woolf", uma video-instalação de Tiago Bôto e Wagner Borges | 2018

LIBERDADE 46 | Esboços Gráficos de Wagner Borges

Há 39 dias, 4 pessoas, de 4 gerações diferentes, permanecem juntas, voluntariamente isoladas. É uma precaução consciente. Um cuidado necessário. Entre dias iguais e noites partilhadas entre histórias, memórias e desejos, os esboços gráficos destas rotinas, foram surgindo, digitalmente, primeiro no silêncio, quase como surpresa e depois, já partilháveis entre todos. Estes desenhos estão carregados de esperança. Não só de um passado recente, mas acima de tudo, de um futuro onde todos juntos possamos livremente, erguer os cravos nas ruas e comemorar o que se conquistou em Abril de 1974. Agora, cantaremos isolados nas nossas janelas.

 

Ficha Artística

Concepção, desenho digital, edição e música original: Wagner Borges «Grândola, vila morena» Letra e música de José Afonso

Agradecimentos Teresa Borges, Tiago Bôto e Jonas Guerreiro

 

(IN)FINDÁVEL de Tiago Bôto

46 anos de um lugar-livre. Não é extenso. Desejamos que os anos, em comemoração, continuem a existir, uns a seguir aos outros, num crescente contínuo que não se extinga, na sua finitude, na sua complexidade. Para que um dia, esta data não caiba sequer em nenhum corpo, em nenhum espaço, em nenhum lugar. Um Corpo. Infalível. Livre Corpus. Um corpo que se quer persistente na passagem do tempo. Que luta para permanecer vivo nesta tentativa de liberdade. Que deseja que se entranhe em cada um de nós esta vontade interior de um lugar-livre que não deixe de existir, para que não se desvaneça. Que se vão eliminando as armaduras e os muros para que se comecem a plantar as flores.

 

Ficha Artística

Concepção, edição de vídeo e música original Tiago Bôto

Agradecimentos Wagner Borges e Jonas Guerreiro

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